A gordura é confusa. Tantos tipos diferentes de gordura. Alguns, segundo nos dizem, são bons. Outros não são bons. O que é a verdade? E depois há esse termo: gordura! É tempo de falar claramente neste artigo.

Todos nós crescemos com a ideia de que a gordura dos alimentos provoca a acumulação de gordura corporal. A gordura que se come não pode deixar de acabar à volta das nádegas. Cordas de gordura nas veias, de gordura dietética e colesterol, provocam ataques cardíacos. Essa foi a outra coisa que nos disseram. Visualmente, essa imagem parecia encaixar!

Agora tudo isso acaba por não ser verdade!

De modo algum. Comer gordura não o engorda. Comer gordura não causa ataques cardíacos. Esta não é a minha opinião nem a de outras “opiniões alternativas”, é o consenso do Comité Consultivo das Orientações Dietéticas 2015, um grupo de cientistas conservadores que acabou por eliminar todas as recomendações para limitar a gordura dos alimentos ou o colesterol.

As suposições têm de ser testadas. E prová-lo através de estudos antes de o aceitar como facto. Isto é assim com as ciências exactas. Isto também faz parte da ciência alimentar. Mas é aí que essas ciências nutricionais historicamente se esquivam. Nos últimos 50 anos, os “peritos” aceitaram muitas teorias que ou não tinham base científica ou foram apresentadas através de manipulação.

Abaixo está uma boa lista das directrizes enganosas ou erradas que começámos a acreditar como resultado:

• Evitar o sal, pois pode conduzir a uma tensão arterial elevada
• Evitar os ovos e outras formas de colesterol, pois o colesterol conduz a doenças cardíacas
• Use protector solar para proteger a sua pele porque a luz solar causa cancro
• Coma grãos inteiros porque são bons para si e para a sua saúde
• Use óleos vegetais, como margarina, pois são bons para o seu coração
• Evitar a carne vermelha e o toucinho, pois comê-los leva ao cancro
• Comer muitas frutas e legumes porque são os produtos mais nutritivos
• Certifique-se de que a sua dieta é baixa em gordura e alta em hidratos de carbono, uma vez que comer gordura causa ataques cardíacos

Nenhuma destas hipóteses teve efeitos mais desastrosos na nossa saúde do que esta última. Comer gordura, era stressante, engorda E provoca ataques cardíacos. Os governos começaram a promover alimentos errados como resultado.

A indústria alimentar avidamente saltou para o comboio, viu muitas opções, e começou a vender sucata com baixo teor de gordura como “comida saudável”. O que, por sua vez, levou a que milhões de pessoas em todo o mundo se tornassem obesas, doentes e/ou diabéticas. Tudo devido a uma suposição que foi aceite como “senso comum ” sem praticamente nenhuma profundidade científica.

Esta semana, levei o meu livro ‘Ketoman – Freed from all Nonsense: eating strategies for sceptics’ aos impressores. Essa foi a oportunidade para alguns amigos voltarem a falar comigo sobre as gorduras dos alimentos. De cada vez, fico espantado com a forma como ainda estão enraizados no seu conhecimento sobre o assunto.

Porque é que isso acontece?

A mentira de que a gordura dos alimentos é o inimigo público numero uno foi fundada em três maus conceitos:

1. A gordura corporal e a gordura dos alimentos são uma e a mesma coisa
2. Uma caloria é apenas uma caloria
3. Comer gordura saturada e colesterol primo causa congestão nos vasos cardíacos e subsequentes ataques cardíacos

Vamos analisar mais de perto estes três conceitos.

Primeiro conceito: a gordura que comemos torna-se a gordura do nosso corpo

Disparate, claro. Tomemos o exemplo dos ovos para o pequeno-almoço. O comentário típico ainda é: e os meus níveis de colesterol? A concepção errada mais comum sobre o colesterol é que há algo de pouco saudável nele. O colesterol é uma das substâncias reparadoras do corpo e a sua presença aumentada no seu sistema diz-lhe que o seu corpo está a tentar curar algo. Muitas vezes que ‘alguma coisa’ é inflamação, que é a verdadeira causa do problema.

A maioria das pessoas com uma dieta ocidental consome 200 a 300 miligramas de colesterol por dia, mas o seu corpo necessita de cerca de 1.000 miligramas por dia. Assim, o seu corpo produz o resto do colesterol de que necessita no fígado, não importa o quê. O seu corpo produz colesterol extra porque o colesterol é essencial para as funções hormonais, especialmente as hormonas de que o seu corpo necessita durante os períodos de stress.

Quando as pessoas tomam “estatinas” para baixar o colesterol – em vez de se concentrarem na eliminação dos alimentos que causam a inflamação (alimentos processados) – causa uma vasta gama de efeitos secundários, incluindo fadiga muscular, diminuição da CoQ10 (uma vitamina importante para a saúde cardíaca), aumento do risco de diabetes, e mais.

Portanto, dê algum descanso ao seu fígado e sinta-se livre para comer alguns ovos extra!

Segundo conceito: uma caloria é apenas uma caloria

A ideia por detrás dessa mentalidade? Uma grama de hidratos de carbono tem 4 calorias e uma grama de gordura tem 9 calorias. Comer muitos hidratos de carbono e reduzir a gordura vai mantê-lo apertado. Errado!

Um interessante estudo de 2012 mostrou que um estilo de alimentação com muitas gorduras, comparado com uma dieta com muito poucas gorduras, acelera o seu metabolismo em 300 calorias por dia. Comer gordura acelera o seu metabolismo e ajuda-o a perder peso. Isso vira a sabedoria convencional sobre a sua cabeça.

Terceiro conceito: comer gordura saturada e colesterol causa congestão nos vasos cardíacos e infecções cardíacas

A profissão médica começou a acreditar que comer gorduras saturadas E colesterol causa bloqueios nos vasos cardíacos e morte por ataque cardíaco. Mas o que aconteceu entretanto?

Apesar das enormes melhorias na tecnologia médica, a saúde está a deteriorar-se em todo o mundo. Os números de ataques cardíacos estão a subir em flecha. Basta ler esta projecção para 2035 da Associação Americana do Coração. As taxas de diabetes estão a aumentar em todo o lado. As nossas bocas abriram quando estivemos na Nicarágua há um ano e meio atrás e lemos esses números E experimentámo-los pessoalmente durante um mês. Também nessa frente, muitas das previsões são tudo menos cor-de-rosa. Além disso, a maioria dos casos de diabéticos permanecem por diagnosticar, quer sejam pessoas magras ou gordas.

Pode ligar bem tudo isso ao conselho de comer com pouca gordura.

Ir à confissão

Colocando estes três conceitos errados numa fila, vêem imediatamente o grande incentivo para as autoridades de saúde nos dizerem a todos por que devemos atirar manteiga, carne e óleo de coco para o caixote do lixo. Esta é também a razão pela qual, em 1980, as Orientações Dietéticas dos EUA começaram a recomendar dietas com baixo teor de gordura. Com o passar dos anos, os seus conselhos tornaram-se cada vez mais agressivos e acabaram por conduzir à pirâmide alimentar de 1992. Nessa pirâmide, vêem-se os conselhos para comer pão, arroz, cereais e massas à vontade, e para evitar até mesmo alimentos gordos à base de plantas como frutos secos e abacate. Óleo e gorduras: por favor, use com moderação!

Encontrei novamente a pirâmide alimentar original do USDA (Departamento de Agricultura dos EUA). Datas de 1992. É seguro dizer-se agora que já pôs em marcha uma série de disparates nutricionais globais. Ou: um dos exemplos mais flagrantes de uma condenação geral da “gordura dos alimentos” sem ter em conta o tipo de gordura consumida.

Assim, não só indicou que deveria “consumir todas as formas de gordura com moderação”, mas também atirou gorduras e óleos para a mesma pilha que os doces. Depois prefira uma prática pirâmide de keto carboidratos!

Após 40 anos de comunicação e divulgação, as autoridades sanitárias e os especialistas em nutrição estão finalmente relutantemente a confessar que o que nos foi dito estava errado. E não é que tenham interpretado mal a ciência. A própria ciência na base era má. Uma das consequências da cruzada dos governos contra as gorduras saturadas foi que as pessoas em todo o lado começaram a substituir gorduras como a manteiga e o bacon por óleos vegetais produzidos industrialmente. As chamadas gorduras trans.

Hoje em dia, qualquer investigador e nutricionista conhecedor sabe que comer gordura não engorda nem provoca ataques cardíacos. Por outro lado, ainda se pode ir em linha e ler conselhos dietéticos sobre gordura durante todo o maldito dia que está desactualizado, impreciso e perigoso.

A mudança em torno das gorduras é enorme. Mas tal como os nossos antepassados tiveram de se habituar à ideia de que a terra gira em torno do sol muito lentamente, vai levar muito tempo até que todos nós olhemos para as gorduras de forma diferente.

As gorduras e óleos são o diabo barbudo. Foi sempre assim que nos foi dito. Nada poderia estar mais longe da verdade. A gordura é essencial para a sua saúde. Portanto, não se deixe enganar se alguém se referir a essas gorduras quando começar a falar de keto.